quinta-feira, 26 de abril de 2012

O ser antissocial


Antissocial (sim, agora, com a nova regra ortográfica, é o jeito correto de ser escrito) denota uma pessoa que não interage ou interage fracamente em sociedade.

Mas quais são os motivos que leva alguém se tornar antissocial?

Vários. Pode-se citar traumas de infância, como bullying, violência sexual, violência física, dentre outros. E, em vários casos, infelizmente, o comportamento antissocial leva a alguns distúrbios psíquicos e – até mesmo – a alguns crimes.

No entanto, não são esses casos (mais graves) o escopo do artigo. Aqui, será abordado sobre aquele indivíduo que se torna antissocial por ser diferente da sociedade em geral, do senso comum. Diferença essa que não resulta de um trauma (como já citado), mas sim de uma percepção diferente do mundo, mesmo sendo educado nos mesmos padrões dos chamados indivíduos sociáveis.

Percepção diferente do mundo significa não se adequar aos moldes “impostos” pela sociedade. Esta vem do latim societas, isto é, “associação amistosa com outros”, e se caracteriza por pessoas que possuem uma generalidade de costumes e propósitos. Ou seja, quando alguém não se insere nessa generalidade, faz parte da minoria, é diferente.



E tal diferença, geralmente, resulta em exclusão, em preconceito, em intolerância. Por mais que um mundo liberal – aos poucos – aceite mais e mais as diferenças, elas ainda são analisadas com muito rigor e tradicionalismo pela sociedade. Dessa maneira, não é incomum verificar que muitos dos seres antissociais – isolados – pertencem à “classe” dos diferentes, das minorias.
Gordos, gays, negros, etc. já é assunto batido, exaustivamente comentado e discutido. Então, será deixado de lado. Os diferentes da vez são aqueles que fogem da opinião e dos valores do senso comum. 

E, assim como os seres dos "grupos" já muito debatidos, os agora protagonistas também seguem a regra, isto é, são marginalizados da mesma maneira por exporem suas opiniões e ações de modo diversos do geral, do comum, do default, do padrão.

Tais pessoas, por terem uma visão bem distinta da maioria acerca da vida, dos prazeres, da rotina, do trabalho, do dinheiro, etc., não se cansam de ouvir questionamentos sobre seu padrão de vida. Ainda que esses questionamentos ocorram de forma jocosa, não é muito agradável ser tomado como o diferente, em diversas situações.

O fato é que, com tudo isso, não é raro pessoas desse tipo se tornarem antissociais. Aos poucos, vão se cansando de ouvir as mesmas piadas, do incômodo velado (ou não), causado pelo afronta ao que todos aceitam, da rotulação de politicamente correto - e, consequentemente, chato. Assim, a reclusão e o isolamento é consequência do ser diferente, pela convivência e pelo modo como a sociedade trata essa questão.

Na Grécia Antiga, Sócrates dizia que estava fora de lugar, sentia-se um estrangeiro em sua própria terra, ao ser acusado pelos políticos da época. Não há dúvida de que era um ser diferente. Contestava a educação, a política, as crenças religiosas, isto é, o senso comum. Além do mais, não possuía a beleza física exaltada pelos gregos, muito pelo contrário. 

Contudo, não virou um antissocial. Nadou contra a maré a vida toda. Acabou sendo condenado à morte por isso. 



Alguém se lembrou de Jesus Cristo? Também diferente, também contra os valores sociais de sua época, também condenado.

Um viveu há 24 séculos; o outro, há 20. E, com certeza, são dois dos maiores exemplos como seres humanos. Entretanto, não foram tolerados. Imagina, então, se os diferentes de hoje, pessoas comuns, nada excepcionais, serão?